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10
Abril - 2015
JORNAL MAIS OFF ROAD
Se o espírito Off Road
não existisse, um grupo de
aventureiros poderia ter se
dado muito mal neste mês de
março. Um grupo de amigos
da Bahia, incluindo ainda
um piloto de Natal/RN e ou-
tro de Aracaju/SE, resolveu
desbravar as conhecidas tri-
lhas da Transamazônica, no
Amazonas, mas não espera-
va atolar após um desvio de
rota e ficar dias esperando
resgate.
A aventura acontecia
normalmente, entretanto, o
comboio, de 19 pessoas em
nove jipes, resolveu fazer
um mudança de um trajeto
por um ramal perto do muni-
cípio de Humaitá, pegou um
terreno diferente, com gran-
des erosões e água, atolou e
não conseguiu mais se loco-
mover quando faltavam ain-
da 16 km até a rodovia mais
próxima. O local de difícil
acesso complicou o resgate.
Após quatro dias, o Exér-
cito teve que se apresentar
para buscar uma solução.
Exército Brasileiro e JC de Porto Velho no resgate
Após adquirir um helicóp-
tero, o grupo de salvamento
conseguiu chegar ao local e
levar consigo três homens
com situação de saúde mais
complicada, sofrendo de
diabetes e pressão alta. O
restante, bastante cansado e
debilitado pela tentativa de
sair do local, recebeu manti-
mentos e água potável.
Já a segunda parte do
resgate, ou seja, tirar os ou-
tros 16 off roaders ficou por
conta do Jeep Clube de Por-
to Velho. Uma equipe partiu
atrás dos jipeiros localizados
por militares da 17ª Brigada
de Infantaria de Selva que
sobrevoaram a região em
um helicóptero Black Hawk
e conseguiram pousar no
local. Os militares tentaram
o resgate terrestre, mas os
caminhões do exército não
conseguiram vencer os ato-
leiros.
O Jeep Clube de Porto
Velho/RO foi acionado pela
grande experiência de seus
membros nesta região, onde
o solo é encharcado e mais
parece uma areia movediça.
Em janeiro aconteceu exa-
tamente o mesmo problema
com jipeiros de Foz do Igua-
çu/PR ficaram atolados. Um
deles andou por horas até
chegar a estrada principal
e conseguir uma carona até
Humaitá, onde pediu ajuda.
O Jeep Clube de Porto Velho
levou três dias para retirar
todos do atoleiro.
A equipe que seguiu até
o local foi liderada pelo pre-
sidente do Jeep Clube, An-
tônio Ferreira, o “Toninho”.
Ele tem alertado aos jipeiros
de outros Estados que não
entrem nesta região da Ama-
zônia sem consultar antes os
jipeiros locais. “Aqui não
adiantar ter máquinas prepa-
radas se não houver técnica.
O solo engana e só quem
conhece a região sabe como
lidar com as adversidades.
Vamos divulgar mais para o
pessoal nos comunicar quan-
do vir para cá e passarmos as
dicas. Queremos que todos
brinquem e se divirtam com
segurança”, explicou.
Jessé Oliveira, diretor
técnico do Jeep Clube, e que
também integrou a equipe de
resgate, citou a fotografia aé-
rea feita pelos militares para
ilustrar o exemplo. “Pela
foto parece que não há ato-
leiros, mas os jipes estão to-
dos presos no solo argiloso e
mesmo com pneus especiais
e tração nas quatro rodas não
conseguem se mover.”
Porém, após todo o tra-
balho de equipe, no dia 14
de março todos os jipeiros
baianos foram resgatados e
acolhidos na cidade de Hu-
maitá pelo Jeep Clube de
Porto Velho.
“Acertamos todos os de-
talhes para fazer o resgate e
conseguimos executá-lo até
que de forma rápida. Utili-
zamos um traçado diferente
de rota tanto para chegar,
quanto para voltar com tran-
quilidade. Encontramos o
pessoal esgotado, mas todos
voltaram bem”, contou To-
ninho.
Dias complicados
Quem mantinha o diário
de bordo ativo durante toda
a expedição era o off roa-
der potiguar, Flávio Pereira,
o “Balaio”. O aventureiro
contou um pouco como fo-
ram os dias de atividade e
também a espera até o res-
gate final.
“Estávamos fazendo
a trilha bem, avançando a
cada dia em meio as be-
las paisagens. Mas, como
todo jipeiro, gostamos de
desafio e resolvemos fazer
a trilha em meio aos cam-
pos. Chegou um momento
que não conseguimos mais
andar e resolvemos buscar
ajuda. Ligamos via satéli-
te e então veio primeiro o
Exército e depois os ami-
gos de Porto Velho”, disse.
Apesar de estar em
uma região complicada, o
grupo se manteve unido,
e apesar do cansaço con-
seguiu passar bem o perí-
odo de espera. “Tínhamos
como manter a água potá-
vel e mantimentos armaze-
nados. Depois o Exército
também nos ajudou nisso,
até que os jipeiros de Por-
to Velho chegaram. Neste
momento, já não faltava
tanto para vencermos a
parte mais complicada,
mas de qualquer maneira a
ajuda deles foi fundamen-
tal e importante para sair-
mos ilesos.”
O comboio quase todo
baiano seguiu viagem e
continuou os passeios pela
região mesmo após o in-
cidente. “A aventura não
pode parar. Após acertar
as avarias nos veículos, os
amigos já voltaram para as
trilhas e continuaram des-
bravando os espaços. Essa
é a vida dos trilheiros”, fi-
nalizou.
Apesar dos pesares, região reserva lindos lugares
Solo perigoso foi traiçoeiro para o grupo Free Road
Resgate exigiu muito trabalho
fotos: Divulgação